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domingo, 20 de dezembro de 2009

Farroupilha – Da Terceirona ao céu III

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O mirabolante regulamento do Gauchão, que beneficiava as equipes que jogavam o Brasileiro (Grêmio, Inter, Juventude e Caxias), levou o Farroupilha a participar da Copa Emídio Perondi, que definiria uma vaga para o Brasileirão Série C e os dois rebaixados para a Segundona.
A campanha foi razoável. O Farrapo não correu riscos de rebaixamento, mas, faltando quatro rodadas para o fim da primeira fase, abandonou a disputa pela classificação ao perder por 2x1 em casa para o Glória. Depois disso, mais uma derrota, dois empates e fim do primeiro semestre.

O melhor modo de fazer uma boa campanha no campeonato do próximo ano é montar o time seis meses antes para jogar a Copa RS, e esse era o planejamento do Farrapo para 2006.
Para isso, no segundo semestre de 2005, a diretoria anunciou a contratação do treinador Ronaldo Rangel, o Bagé. Junto com ele, vieram os “bruxos” Carlão, Pansera, Flavinho e Rodrigo Gasolina. Para o gol, o experiente goleiro Adir, para a articulação, o baixinho Diógenes e para o ataque, o craque Dudu e Marcelo Fumaça. Todos eles mesclados com o pessoal da casa, como Cleiton, Gil, Agnaldo, Luiz André, Manga, Vagson, Uendel e Fabiano, e alguns remanescentes do Gauchão, como Palhinha e Douglas.

Esse time tinha tudo para fazer uma excelente Copa, mas o início da campanha não foi como todos esperavam. No primeiro amistoso, contra um combinado da ACP (Associação Colonial de Pelotas), o Farrapo saiu perdendo e só conseguiu empate aos 50 minutos do segundo tempo, com Rodrigo Gasolina. No segundo teste, empate em 0x0 com o Inter-B do goleiro Renan e de Danny Moraes, e vaias para o time no Nicolau Fico, embora a equipe ainda estivesse em formação e desfalcada.

A estreia do Farroupilha na Copa RS foi um sonolento 0x0 contra o Pelotas, no Fragata. Na sequência da competição o time continuava oscilando, com vitória contra o Riograndense-SM, tumultuada derrota para o Brasil na Baixada, uma derrota e uma vitória frente ao São Paulo, até o Bra-Far no Nicolau Fico. Este jogo, combinado com a chegada do zagueiro Paulo Roberto, do lateral Marcelo Muller e do matador Vanderlei, marcou a ascensão do Farrapo.

Apesar de ter chovido o dia inteiro e o campo do Nicolau Fico não ter a menor condição de jogo por estar completamente alagado, o clássico entre Farrapo e Xavante saiu. Jogo de futebol em si, bola rolando, não teve. Estava mais para um pólo aquático, porém no segundo tempo, brilhou a estrela do gordinho Marcelo Fumaça. Ele limpou Aládio, dentro da área, e mandou para o fundo da malha.
Depois disso, só vitórias. Em Santa Maria, contra o Riograndense e a mais sensacional de todas, frente o Pelotas na Boca do Lobo.
Meia hora antes do início do cotejo, a Boca do Lobo estava tomada. Tomada de torcedores do Farroupilha, que predominavam no tobogã. O Tricolor também foi predominante dentro de campo e venceu por 2x1. Por fim, goleada sobre o Inter-SM, 2º lugar na chave e classificação garantida.

A segunda fase não foi difícil. Apesar de ter sido surpreendido pelo Três Passos no Nicolau Fico (empate em 2x2, com golaço do meio do campo do atacante Castro), o Farrapo venceu os dois jogos contra o Esportivo (vingando o ano anterior); venceu o Inter B no Passo D’Areia e os empates contra o TAC e o Inter, novamente, garantiram a vaga nas quartas de final.

Agora o Tricolor Fragatense estava entre os oito melhores, e o primeiro mata-mata seria contra o São Paulo. No jogo de ida, em Rio Grande, muita pegada, arbitragem fraca, Dudu gravemente machucado e derrota por 1x0. No entanto o grupo tinha consciência de sua qualidade, sabia que era melhor que o Leão e que deveria mostrar isso no Nicolau Fico. Foi o que aconteceu.
Mal saiu bola e Rodrigo Gasolina (no ataque, como no início de carreira) destruiu com o jogo. Aos 3 minutos 1x0, aos 19’, 2x0, e aos 23’, Gasolina lançou Vanderlei que não perdoou. 3x0 foi pouco. O time e a torcida riograndina não gostaram e partiram para a violência. No campo, Matheus (lateral direito aguerrido e limitado tecnicamente com passagem recente pelo Pelotas) foi expulso e, injustamente, levou Flavinho junto. Nas arquibancadas, a torcida rubro-verde depredou o patrimônio do Farrapo e ainda agrediu nosso torcedor símbolo - o Trem.

O importante era que o Tricolor do Fragata estava nas semifinais. O confronto seria contra a Ulbra, e a primeira partida no estádio Nicolau Fico.

O Farroupilha iniciou bem, até que a zaga falhou, e o time de Canoas abriu o placar. O empate só veio no segundo tempo, quando Carlão acertou uma cabeçada indefensável. Contudo, nova falha da zaga e Waldinson não perdoou.

A pressão do Farrapo foi grande, Vanderlei perdeu vários gols, até que Manga fez um golaço. Golaço! O gol mais bonito que vi no Nicolau Fico. Mangashow recebeu o cruzamento, dominou no peito e bateu no ângulo. O 2x2 não fora o ideal, mas ainda restavam mais 90 minutos em Canoas.

Lá o Farroupilha dominou o jogo. Rodrigo Gasolina abriu o placar e depois acertou uma bola na trave, e foi nesse lance que o Farrapo perdeu a classificação. Mais uma vez a zaga falhou, e Waldinson aproveitou. Apesar de criar, o Tricolor perdeu muitas chances, e o 1x1 classificou a Ulbra, por ter feito dois gols fora de casa.

O Farrapo ficou sem o título e sem a vaga na série C também, já que o Novo Hamburgo tornara-se campeão da Copa Emídio Perondi. Apesar de tudo, a base estava formada para o Gauchão 2006 e, por isso, o Farroupilha queria mais.

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